Saiba os perigos do câncer de intestino

 

Jessyanne Bezerra
Repórter

Até 2025, é estimado que o câncer de intestino supere os 45 mil casos no Brasil. Os dados são do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e alertam para a alta incidência da enfermidade no País. Em 2023, o Ministério da Saúde estimava para o Rio Grande do Norte 570 casos da doença, sendo mais frequentes em mulheres.
O câncer de intestino, também chamado de colorretal ou do cólon e reto, são tumores que se iniciam no intestino grosso, cólon, e no reto (15-12cm finais do intestino, imediatamente antes do ânus). Essa doença causa forte impacto na alimentação, visto que afeta diretamente um dos órgãos do sistema digestório.


A médica oncologista Dra.Recidia Rayane Fernandes esclareceu que esse câncer pode surgir devido a lesões pré-malignas, que são alguns tipos de pólipos e que tendem a crescer no cólon. “É uma doença que pode se disseminar, por via linfática, via sanguínea, ocasionando assim as metástases. Quando é uma lesão descoberta em estágios iniciais, o tratamento vai se basear em cirurgia, principalmente. E existe uma chance de cura muito alta, com mais de 90%, para os estágios mais iniciais”, informou a doutora.


Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de cólon e reto ocupam a terceira posição entre os tipos de câncer mais frequentes no Brasil. Para a médica Juliana Florinda Rêgo, coordenadora da Oncologia do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN), vinculado à Rede Ebserh, a doença possui um caráter evolutivo que gera danos em outras partes do corpo, caso não seja tratada. “O maior perigo do câncer colorretal é o surgimento de metástases em diversos órgãos que não possibilitem mais a cura da doença. Em tratamento da doença ainda localizada, os dois maiores riscos são o sangramento do tumor e a obstrução intestinal por ele”, alertou a oncologista.

Médica Juliana Florinda Rêgo, coordenadora da Oncologia do HUOL/ Foto: Divulgação


Nesta doença oncológica, além de afetar o intestino grosso, também há a possibilidade da doença se desenvolver e afetar o reto. Devido à chance da doença agravar, o diagnóstico precoce se torna o principal fator para salvar vidas. “O tratamento depende do estágio em que a doença é diagnosticada. Se for um estágio inicial, é indicado realizar cirurgia e, em alguns casos, faz-se quimioterapia adjuvante (complementar) após.

Nos casos dos tumores de reto, pode ser necessário fazer a quimioterapia antes da cirurgia, bem como a radioterapia. Quando a doença já é diagnosticada com metástase, o tratamento indicado é quimioterapia. Em alguns casos, a depender das características do tumor e do paciente, pode-se associar medicamentos mais específicos direcionados para o tumor e imunoterapia”, afirmou a coordenadora da oncologia do Huol-UFRN.


Segundo o INCA, o risco estimado de desenvolver este tipo de câncer é de 21,10 casos por 100 mil habitantes, sendo 21.970 casos entre os homens e 23.660 casos entre as mulheres. No RN, a taxa de incidência desta doença, em valores por 100 mil habitantes, foi de 15,62 em homens e 16,46 em mulheres, em 2023, de acordo com dados do Ministério da Saúde.


Ainda de acordo com a pasta federal, na análise da estimativa da taxa de incidência do câncer colorretal em Natal, os valores aumentam. Em 2023, na capital potiguar, a taxa bruta de incidência ficou em 24,03 para homens e 26,06 mulheres, sendo estimado no total 230 casos. “A partir dos 45-50 anos observamos que a incidência do câncer colorretal começa a aumentar”, afirmou a médica Juliana Rêgo.


Um dos métodos de prevenção do tumor de intestino é o rastreamento. De acordo com a Dra. Recidia Fernandes, essa técnica serve como uma avaliação para pessoas assintomáticas, aumentando a possibilidade de cura devido ao diagnóstico precoce. “É feito a partir do exame Colonoscopia, que é indicado para todas as pessoas a partir dos 45 anos. Porque a partir dessa idade, é quando há a maior incidência de pólipos, que são as lesões que podem evoluir para tumor”, afirmou a médica.


A oncologista Recidia Fernandes ainda esclarece que os principais sintomas da doença são presença de sangue nas fezes, dor abdominal, perda de peso, mudança de hábito intestinal como diarreia ou constipação.


O Inca ainda estima que o câncer colorretal atinge cerca de 50 mil pessoas por ano no Brasil. De acordo com o instituto, além da faixa etária, pessoas que possuem excesso de peso corporal e uma alimentação não saudável estão no grupo de risco de desenvolver a doença também. “As formas prevenção do câncer, de uma forma geral, são a realização de uma atividade física, evitar a obesidade, procurar ter uma dieta saudável, aumentar o consumo de fibras, evitar o consumo de alimentos ultra-processados, industrializados, defumados e o tabagismo”, afirmou a doutora Ricidia Fernandes.


Outro ponto que a médica Juliana Rêgo elenca nos hábitos de prevenção é o consumo em excesso de carne vermelha (OMS recomenda que a consumo semanal de carne vermelha seja até 400-500g). Para a oncologista, é ideal ingestão de frutas e verduras para evitar o desenvolvimento do câncer de intestino.

Tribuna do Norte

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