Agrícola Famosa prevê exportar melões, melancias, mangas e uvas pelo Porto de Natal | Foto: Adriano Abreu
O Rio Grande do Norte inicia a safra 2025/2026 de frutas frescas com uma expectativa histórica para o Porto de Natal: movimentar até 300 mil toneladas, volume que dobrará a quantidade exportada em relação à safra anterior e consolidará o terminal potiguar como o principal polo nacional de exportação frutícola. O processo foi iniciado no último domingo (10) com o primeiro navio da safra, e oficialmente lançado no dia seguinte, reforçando a retomada do papel estratégico do Porto de Natal na cadeia produtiva da fruticultura potiguar. Este avanço expressivo é fruto de uma articulação entre a Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), a Agrícola Famosa — maior exportadora potiguar do setor — e o Governo do Estado, que vem investindo em infraestrutura para viabilizar o aumento do fluxo exportador. Carlo Porro, CEO da Agrícola Famosa, destaca as vantagens competitivas do porto e do modal dedicado: “As vantagens de ter um porto dedicado e, principalmente, um navio dedicado, são a qualidade da fruta e o tempo de viagem. O navio não para em outros portos, a fruta chega mais rápido e no padrão ideal. Isso ajuda muito na qualidade da fruta”, explica.
A Agrícola Famosa prevê exportar cerca de 300 mil toneladas de melões e melancias nesta safra, além de uma pequena participação de mangas e uvas. O quantitativo representa o dobro do volume exportado pelo Porto de Natal na safra passada. “Se conseguirmos estender a safra por mais dois meses, até março e abril, quando antes chegava até o final de fevereiro, acredito que o Porto de Natal se tornará o maior porto fruteiro do país”, completa Porro.
A empresa já transfere para Natal parte da carga que antes seguia por outros portos, com o terminal respondendo atualmente por 65% a 70% das exportações da Agrícola Famosa.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern) avalia positivamente o crescimento do volume exportado pelo porto, mas alerta para a concentração da atividade em um único operador. “O volume exportado saltou de 46,4 mil toneladas na safra 2023/2024 para 131,5 mil toneladas na 2024/2025. Isso reforça o papel da Agrícola Famosa como vetor da fruticultura potiguar, mas a dependência de um único operador limita a diversificação de riscos e estabilidade a longo prazo,” analisa o presidente José Vieira, da Faern.
Embora o Porto de Natal tenha avançado em infraestrutura, com câmaras frias e melhorias logísticas, Vieira aponta limitações operacionais que ainda impactam a competitividade: restrições de calado, incapacidade de receber navios de grande porte, escalas pouco frequentes e baixa previsibilidade de atracação. Ainda assim, ele reconhece que a rota direta encurta o tempo e reduz custos para mercados europeus, Rússia, Oriente Médio e Canadá — que permanecem como os principais destinos das frutas potiguares, enquanto o mercado americano representa menos de 5% da produção.
Sobre o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos, o setor considera que o efeito direto na fruticultura do RN é restrito, mas não desprezível. Vieira pondera que “a manutenção de tarifas elevadas reduz a competitividade, afeta segmentos especializados e dificulta a diversificação de mercados, especialmente para frutas premium”.